quarta-feira, 17 de novembro de 2010

A divina vingança

Entrego-me à inocência perdida da antiguidade
Amor deve ser mesmo um deus
E de todos, o ser mais supremo
Inalcançável, intangível
E poderoso como é
Tende a se tornar cruel
Com toda a raça de belas
Que, desde a primeira
Foi condenada a sofrer
Por ousar provar fruto
De tão ardente mel


Amor deve ser mesmo um deus
Que condenou ao castigo eterno
O de ser sensível à dor
A mulher
Que pela ingenuidade primitiva
Ao sentir o sabor em suas entranhas
Ofereceu e dividiu
Aquilo que não lhe foi dado


Amor deve ser mesmo um deus
Que, roubado
Desperta sua fúria:
"Que ser de imensurável ignorância bebe no meu cálice e o oferece a um homem?"
Ahh mulher, não sabe o que te espera
Em sua longa jornada na terra
A paga pela sua injúria...