sexta-feira, 8 de abril de 2011

Tragédiasem precedentes..

Ainda chocada com o crime bárbaro acontecido ontem em Realengo, no Rio de Janeiro.
Mas o que mais me deixa perplexa é a falta de pensamento crítico da humanidade..
Culpa-se o efeito Bullying como fato incentivador do crime..
Eu Não!
Primeiramente acho que tenho que expor meus pensamentos a respeito do Bullying. O fenômeno realmente existe, está presente em todas as camadas sociais e entre jovens, onde a procura por aceitação é muitíssimo maior, e temos sim que combater e tentar instruir as crianças e jovens para que sejam menos críticos, menos preconceituosos, e que pratiquem mais a "política da boa vizinhança".
Acontece que a sociedade em que vivemos é a mãe da prática do bullying, o sistema político e econômico vigente utiliza-se tão somente da auto-afirmação em detrimento a outras práticas, para poder se auto promover. Explico: A competitividade é filha do capitalismo, sem concorrência não há mercado, e o que vemos todos os dias em todos os canais de comunicação são pessoas, empresas, produtos que se auto promovem e que "de vez em sempre" fazem isso ressaltando uma qualidade negativa do concorrente.
Ora, não é difícil saber que uma criança, exposta a esse tipo de informação desde quando nasce, vai adaptar essa ideologia do "sou mais eu" e praticá-la em sua vida social, independentemente de ter sido criada em "berço de ouro" ou não, com amor ou não, o que é impossível de ser esquecido é o fato de que tais crianças aprendem a se comunicar, e a se relacionar a partir de tais concepções, praticadas primeiramente em seus lares .
"O mundo é assim,  porque eu tenho que ser diferente?" os idealistas podem responder a essa perguntas de várias maneiras mas a pergunta não é essa, o que de fato me pergunto é:
"O mundo é assim, eu sou assim, COMO eu serei diferente?"
Junte-se a isso todas as agruras da sociedade, filhos que são vilipendiados dia e noite pelos pais, o Estado carente de políticas públicas, NADA, para a saúde, educação, segurança, NADA para a cidadania, nada para o SER.
Não, minha intenção não é em nenhum momento justificar o ato de WELLINGTON, mas sim trazer à tona perguntas do tipo: Vale dizer que crianças são culpadas? Vale dizer que as críticas e humilhações sofridas pelo rapaz foram o elemento propulsor de tal tipo violência? Acho injusto, e acho que esse tipo de pensamento comporta mais um dos tipos de Bullying "sem precedentes" praticados na sociedade. Atribuir tal culpa a crianças é "tapar o sol com peneira".
Em vez de preocuparmo-nos com o modo como os adolescentes de hoje se relacionam porque não procuramos pensar em quais as opções essa criança terá no futuro, em como ela será inserida na sociedade, no mercado de trabalho, na vida adulta.
Quais são as medidas que o Estado tomará quando tais precisarem de cuidar de sua saúde mental e física? O que fazer com a educação de fundamento quantitativo e não qualitativo que receberam? Como nos livrarmos da condição de críticos quando o humor, as campanhas políticas, as relações comerciais e tantos outros lugares sociais praticam o bullying como forma de sobrevivência?
Me pergunto novamente : COMO não ser assim?
Infelizmente as mudanças ideológicas, não acontecem da noite para o dia, seria necessário meio século, no mínimo, para que as primeiras mudanças comportamentais em desfavorecimento de tal prática se fizessem notadas.
Mas ainda penso que se o mundo que espera esses jovens fosse menos cruel teríamos evitado vários massacres, tentativas, e  expeculações.
A mim resta desejar um bom futuro à  Pequena Jade, sobrevivente do atentado.
"Quero me formar". "Vou fazer Biologia".
Tomara que o mundo que a espera dê condições para que possa realizar seu desejo.
E se não der, que não culpe seus colegas, por terem praticado bullying e transformado-a numa pessoa triste, confusa e sem ambições.
Não é culpa das crianças!!!

Um comentário:

  1. A tragédia, em si, é um fator que corre pela veia humana. A gente se depara com tragédias todos os dias, mortes violentíssimas e continuamos a dormir. Em busca de algo que não nos incomode. Como no meu texto, comentei que a gente crê numa lei que nos segura, mas que não nos assegura de nada. É triste constatar o fato de que o fator lei não contribui para que a humanidade passe a ser menos sonsa.
    Eu estou horrorizado e me sinto um tanto culpado pela minha fragilidade humana. Queria eu poder ter tanta força quanto a de um governante de um país para formar cidadãos e não meros existentes.
    É uma contradição viver num país que evolui com uma carência imensa de afeto, respeito e conceitos válidos.
    Não, nada justificaria o que esse rapaz fez. Nada. Nada no mundo justificaria.

    Em termos técnicos seu texto está bom e gostado, claro que isso pesa apenas pela minha opinião meramente formal.
    E obrigado por me ter dado a oportunidade de lê-lo.

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